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Taurus: um olhar para além das análises de primeiro minuto
Publicado em: 08/11/2023
Na forma de cinco perguntas e consequentes respostas, Guilherme Cruz, analista da Varos, produziu um interessante e oportuno texto analítico sobre os resultados da Taurus Armas S.A. referentes ao terceiro trimestre de 2023, onde, de forma clara e objetiva, explica o atual momento da empresa e a projeção para 2024. O texto foi postado em seu perfil no X.
Análise de Taurus para quem quer ir além do print da primeira tabela do release (e das opiniões emitidas um minuto depois que o resultado saiu)
1 - O resultado foi uma tragédia? Os números em comparação com o 3T22 são o problema?
Não e não, o motivo: 2022 foi ano de eleição no Brasil. A empresa vendeu arma que nem água, os clientes sabiam que existia o risco de não conseguirem comprar em 2023, o que acabou se concretizando. Ou seja, a base de comparação é alta.
Em anos de eleição, tanto no Brasil como nos EUA, as vendas de armas aumentam. Guarde essa informação. O problema está muito mais na comparação com o 2T23; explico na sequência.
2 - O resultado do Brasil é extremamente importante para a Taurus?
Não. A empresa tem historicamente uma receita de 15% por aqui. Essa proporção aumentou justamente nos anos de pandemia, quando o mercado teve um boom, e chegou a quase 30% em 2022, pela eleição.
O resultado no Brasil do 3º trimestre não teve novidade, com o mercado ainda parado. O governo estabeleceu o limite máximo de energia em joules para as armas a serem vendidas, mas sem a apresentação de uma tabela de calibres. Por isso, as vendas para CACs estão praticamente interrompidas.
3 - E nos EUA? E a comparação com o 2T23?
Aqui está o principal ponto de atenção. Havia expectativa de que houvesse melhora frente ao 2T23. Porém, o 3º trimestre tende a ter menor movimento lá com os clientes aguardando o final do ano, com Black Friday, Natal e início do período de caça.
O problema é que a empresa informou que os distribuidores estão tentando aumentar o giro do estoque como forma de proteção do custo financeiro por conta da inflação. Por isso, agora os distribuidores estão com estoque perto de um mês só, quando historicamente eles têm estoque para três a cinco meses. Ou seja, a dinâmica do mercado está mudando, ao menos temporariamente.
4 - A empresa tem problema em sua operação? Os resultados são consequências do micro ou do macro?
Hoje a empresa está num ponto ruim do ciclo, mas a perspectiva à frente é positiva.
A operação da Taurus continua rodando de forma eficiente. Conseguiram até subir a Margem Bruta contra o 2T23 (+ 0,9 p.p. chegando a 37,5%) e continuam entregando muito mais que a Smith (26,6%) e a Ruger (20,5%). A questão agora é puramente ponto de mercado, onde costumam surgir as oportunidades, inclusive. Micro vs Macro.
5 - O que é importante olhar agora?
Sazonalidade positiva do 4º trimestre, 2024 é ano de eleição nos EUA, Índia deve receber até o final do ano a última licença pra começar a operação local e ainda tem o gatilho da joint venture na Arábia Saudita.
Em 2024 quando o mercado voltar a engrenar e a empresa estiver entregando resultado, com o lucro subindo forte dada a base de comparação fraca com os resultados de 2023, vocês verão novamente prints da tabela do release depois de um minuto que ele saiu, só que dessa vez surpresos.
Possivelmente nada vai ter mudado, só o ciclo do mercado. Quem entende os fundamentos das empresas, sabe olhar os números além do óbvio e faz conta, passa tranquilo pelas oscilações do mercado e ainda aproveita as oportunidades.
Fonte: LRCA: Taurus: um olhar para além das análises de primeiro minuto (lrcadefenseconsulting.com)
Fonte: Indústria de Defesa-BR - WEB