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Taurus já exporta 90% da produção no Brasil; base acionária passa dos 100 mil acionistas
Publicado em: 26/07/2023
O CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, durante recente declaração à imprensa, informou que a multinacional gaúcha, maior vendedora de armas leves do mundo, já está exportando cerca de 90% de sua produção em São Leopoldo (RS), podendo aumentar ainda mais essa percentagem. Salesio acrescentou que não está descartada a migração de mais linhas de produção para a fábrica da empresa nos Estados Unidos, a exemplo do que aconteceu em 2020. A medida é uma das que estão sendo tomadas pela empresa para se adequar às restrições determinadas pelo novo cenário imposto pelo atual governo ao mercado nacional.
A multinacional Taurus Armas S.A. domina (em conjunto com as armas longas da CBC) quase 80% do mercado brasileiro de armas leves. Ao longo dos anos, diversas empresas internacionais tentaram aqui se estabelecer, mas quase todas desistiram frente à insegurança jurídica, aos entraves regulatórios e à política tributária que se abate sobre este setor. Somente uma, inaugurada em 2017, resolveu enfrentar os problemas, mas agora corre sério risco, haja vista produzir somente pistolas 9mm.
Com orgulho de ser uma empresa nascida e crescida no Brasil há mais de 80 anos, os consumidores nacionais sempre foram a prioridade estabelecida pela Taurus ao traçar suas estratégias empresariais, mesmo tendo ela uma maior lucratividade no mercado externo. Com isso, apesar de uma demanda externa muito aquecida nos últimos três anos, fez questão de atender primeiro os brasileiros, em detrimento do mercado internacional. Este é um dos motivos pelos quais o mercado interno, embora represente, historicamente, somente de 12 a 15% do total de vendas (19,2% em 2022), contribuiu com cerca de 31,4% da receita operacional líquida (armas & acessórios) do último ano.
Nesse ponto, é relevante lembrar que o turnaround da Taurus Armas foi iniciado logo após sua aquisição pela CBC em 2015, sendo fortalecido e consolidado após a chegada da atual equipe diretiva. Em consequência, a sua "virada de mesa" aconteceu sob a vigência das normas ainda estabelecidas pela Lei nº 10.826/2003 (conhecida como Estatuto do Desarmamento), sendo anterior, portanto, aos decretos emitidos pelo Presidente Bolsonaro a partir de 2019 e ao próprio Presidente.
A Taurus vendeu 1,96 milhão de armas em 2022. Foram 1,438 milhão para os EUA e 102 mil para o resto do mundo, no total de 1,54 milhão, comercializadas em dólar. Para o Brasil foram 366 mil armas, comercializadas em reais, boa parte delas para os órgãos de segurança.
Dentro de seu planejamento estratégico, a Taurus está levando a cabo uma grande ampliação na unidade de São Leopoldo (RS). Além de aumentar a produção normal de armas, principalmente para a exportação, a iniciativa visou, na prática, tornar a empresa ainda mais independente das eventuais mudanças nas normas legais brasileiras, como as que estão acontecendo agora.
No bojo desta ampliação está sendo estabelecido um grande hub de produção de peças e componentes (kits), que serão enviados às unidades fabris dos EUA e da Índia, onde serão utilizados para a montagem das armas que receberão o Made in USA ou Made in India, conforme o caso.
Evidente, a empresa não está imune às restrições impostas pelo atual governo ao mercado nacional e à consequente queda das vendas nele. Assim, além do aumento significativo nas exportações, a força de trabalho na fábrica de São Leopoldo está sendo reajustada para também se adequar ao novo cenário, ao passo que poderá haver um movimento similar, mas em sentido contrário, nas unidades fabris dos Estados Unidos e da Índia.
Unidade fabril da Taurus na Índia em parceria com o Jindal Group |
Base acionária reflete o turnaround e a atual situação da empresa
Em 2017, a Taurus possuía uma base acionária de apenas cerca de 3.000 acionistas, refletindo a difícil situação por que passara em anos anteriores, o que a levou a uma condição pré-falimentar no final de 2014, quando foi adquirida pela CBC.
Assumindo como CEO Global da empresa em 2018, Salesio Nuhs montou uma competente equipe de executivos e impulsionou decisivamente as transformações, realizando o mais icônico turnaround empresarial deste século no Brasil, tanto na unidade brasileira como na americana, onde mudou a sede para a Georgia em 2019 (com muitas vantagens), trocou o CEO local por um executivo dinâmico e experiente, e dinamizou os processos de produção, vendas, marketing e inteligência de mercado, passando a responder prontamente às necessidades e desejos dos consumidores.
Com relação à dívida, desde que a nova equipe assumiu, estabeleceu um rígido controle de despesas e do custo final, que começa já no Departamento de Engenharia, quando novos produtos são planejados e desenvolvidos. Aliando este fato a toda uma reengenharia financeira, o que se vê hoje é que a alavancagem da companhia, medido pela relação do EBITDA dos últimos 12 meses sobre a dívida líquida, caiu de um índice de 11,2 (em 2014) para apenas 0,15 ao final do 1T23, mostrando que 15% da geração de caixa anual medida pelo EBITDA seria suficiente para quitar a totalidade da dívida bancária registrada em 31/03/2023.
A Taurus é líder mundial na venda revólveres, é a marca de armas leves mais importada pelos americanos e é a quarta marca mais vendida nesse país. Além disso, nos últimos cinco anos, após o turnaround capitaneado pela atual administração, seus produtos têm se destacado devido à qualidade, à tecnologia e à inovação que embutem, o que os fez merecedores de diversos prêmios, entre os mais cobiçados pelas empresas fabricantes de armas leves dos EUA.
Com esse portfólio, a empresa já registra mais duas dezenas de investidores e acionistas institucionais que apresentaram os formulários 13D/G ou 13F, respectivamente, junto à Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos. Segundo dados da casa de análises internacional Simply Wall Street, os fundos de investimento norte-americanos já detém 5.285.203 ações ou 4,17% do capital da Taurus. Entre eles, o The Vanguard Group, Inc., com 2.745.700 ações ou 2.17%; o BlackRock, Inc., com 1.244.138 ações ou 0.98%; e o Dimensional Fund Advisors LP: com 778.475 ou 0.61%.
Em síntese, sob a proativa liderança de seu CEO Global e de seus executivos, a Taurus está fazendo com maestria o seu dever de casa, ou seja:
- completou seu turnaround, focando em qualidade, tecnologia e dinâmica de vendas/distribuição;
- aumentou significativamente seus números (produção, vendas, lucros, EBITDA), a ponto de se tornar referência mundial no mercado e a maior vendedora de armas leves do mundo;
- diminuiu drasticamente seu endividamento e alavancagem para números totalmente confortáveis;
- surfou nos anos atípicos de 2020 e 2021, obtendo resultados históricos;
- aumentou seu market share no atual maior mercado mundo (EUA);
- em breve começará a produzir na Índia, país que representa o maior e mais inexplorado mercado mundial militar e civil para armas leves modernas;
- recomeçou a pagar dividendos significativos a seus acionistas em 2022 e tornou isso um objetivo estratégico daqui para a frente, inclusive com pagamentos trimestrais;
- está realizando uma recompra de ações para valorizar o capital de seus acionistas;
- está se organizando para ingressar no cobiçado mercado de Law Enforcement (agências de aplicação da lei) nos EUA, no mercado militar da Arábia Saudita e no de um importante país africano.
Como consequência de tantas transformações positivas, a base acionária da Taurus cresceu significativamente, aumentando mais de 33 vezes desde 2017, como pode ser visto no quadro abaixo. Segundo a empresa informou em uma live do final do ano passado, cerca de 40% das ações preferenciais já estão na posse de fundos de investimento nacionais e estrangeiros.
Evolução da base acionária:
- 31/01/2017: cerca de 3.000 acionistas;
- 31/01/2018: mais de 4.000 acionistas;
- 31/12/2018: cerca de 18.000 acionistas;
- 30/09/2020: mais de 20.000 acionistas;
- 28/04/2022: mais de 40.000 acionistas;
- 25/07/2023: mais de 100.000 acionistas.
Fonte: https://www.lrcadefenseconsulting.com/2023/07/taurus-ja-exporta-90-da-producao-no.html#comment-form
Fonte: Indústria de Defesa-BR - WEB