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Índia: Taurus obtém a licença final e começará a produzir no país em janeiro de 2024

Publicado em: 10/11/2023

Ontem (09), finalmente a Jindal Taurus Defence System PVT. LTD. (JD Taurus) - a joint venture entre o megagrupo indiano Jindal e a multinacional brasileira Taurus Armas S.A. - recebeu a autorização final do governo da Índia para iniciar a operação da fábrica que foi construída na cidade de Hisar, no estado de Haryana.

Conforme declarou o CEO Global da empresa, Salesio Nuhs, a unidade indiana começará a produzir em janeiro próximo, inicialmente para o mercado civil, fabricando a pistola Taurus PT57.

A Taurus tem 49% da joint venture, mas sua participação se dá com a transferência de tecnologia (ToT), cabendo a Jindal Defence (51%) todos os investimentos necessários ao estabelecimento e ao funcionamento da empresa.

A unidade fabril indiana tem capacidade de produção total de 1.500 armas por dia e poderá iniciar fabricando em torno de 1.150 armas civis por dia, conforme a demanda. Caso vença a megalicitação de fuzis em curso, poderá ser rapidamente expandida, haja vista que a instalação está situada dentro de um terreno total bem maior. Além disso, visando o prestígio a empresas locais, uma parte da produção está sendo terceirizada, pelo menos inicialmente, fazendo com que a necessidade de espaço interno fabril seja menor.

Esta Consultoria julga relevante ressaltar que o Brasil, que tem uma característica de exportar majoritariamente bens do setor primário, começa a exportar tecnologia para um dos países mais importantes do mundo, o maior em termos populacionais, e em setor extremamente estratégico, que é o setor de defesa, onde a Índia já se destaca no concerto das nações por desenvolver armas estratégicas e equipamentos com tecnologia de ponta.

O CEO Global da Taurus (foto) assim expressou o seu orgulho com o fato: “Hoje é um dia muito importante para a companhia, para todos os funcionários da companhia e para todos os brasileiros, porque depois de três anos de trabalho intenso, de superação de diferenças culturais, diferenças burocráticas, principalmente na área de defesa, onde existe muito controle, a Taurus e o Brasil finalmente recebem a permissão para iniciar a transferência de tecnologia, atendendo a um programa do governo da Índia de ter tecnologia sob seu domínio. Em suma, hoje é um dia histórico e muito importante para o Brasil”.

Oportunidade maior que o ano de 2021
Em dezembro de 2022, o CEO Global da Taurus afirmou, durante um evento com investidores na fábrica de São Leopoldo, que a Índia representa uma oportunidade ainda muito maior e mais perene do que aquela que a empresa que teve no ano de 2021, quando a Taurus percebeu e se preparou a tempo para a impressionante e inédita demanda que viria nos EUA, aproveitando-a ao máximo e fazendo de 2021 o melhor ano da história da companhia.

Salto no EBITDA
Um outro motivo para o entusiasmo do CEO Global da Taurus é a geração de caixa que a operação na Índia deverá gerar, haja vista que, enquanto sua empresa contribui com a transferência de tecnologia, cabe ao Grupo Jindal quase todos os investimentos, da produção à distribuição, passando pelo marketing e demais custos necessários. Com isso, os 49% dos frutos a que a Taurus terá direito serão recebidos praticamente "limpos", possibilitando um enorme salto no EBITDA da empresa.

Para se ter uma dimensão da importância do negócio na Índia, esta Consultoria relembra abaixo detalhes sobre o país, suas dimensões em todos os campos e seus mercados civil, militar e de segurança pública.

Índia - um país com números impressionantes

Sob qualquer aspecto em que sejam analisados, os números da Índia são impressionantes. Afinal:

- tem mais de 1,4 bilhão de habitantes, tendo se tornado o país mais populoso do mundo neste ano;
- é considerada a quarta potência militar do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China;

- suas forças armadas têm mais de 1,3 milhão de integrantes;

- suas forças de segurança possuem um efetivo de mais de 1,4 milhão de policiais;

- a segurança privada do país conta com mais de 7 milhões de homens e mulheres;

- nos últimos cinco anos, a Índia foi o segundo maior importador mundial de armamentos;

- está entre os cinco principais países do mundo com maiores gastos no setor de defesa;

- tem o 8º PIB do mundo, à frente de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Rússia.

 

Maior e mais inexplorado mercado do mundo para armas leves
Em termos militares e de maneira geral, suas forças armadas possuem armamentos atômicos, bem como aviões, navios, artilharia, tanques e mísseis modernos. Anteriormente, a maior parte era importada dos Estados Unidos, Rússia e França, mas a indústria nacional começou a desenvolver e a produzir tais itens e está avançando a passos impressionantes, graças às iniciativas "Make in India" e "Atmanirbhar Bharat" (Índia Autossuficiente), implementadas pelo Primeiro-ministro Narendra Modi.

Com relação ao armamento leve, com exceção de algumas unidades especiais, a maior parte das forças regulares e a quase totalidade das forças de segurança ainda usa metralhadoras de mão, pistolas e fuzis antiquados produzidos pelas fábricas estatais. Há pouco tempo, houve uma grande importação de fuzis de assalto americanos (que estão apresentando falhas) e foi firmada uma joint venture com a Rússia para a produção local do fuzil de assalto AK-203. A partir daí, diversas iniciativas semelhantes estão sendo costuradas com empresas de outros países, sempre com transferência de tecnologia.

Mercados civil e governamental
Segundo estimativas internacionais e da própria Índia, este país ultrapassou a China em abril deste ano, tornando-se o mais populoso do mundo, superando a marca de 1,4 bilhão de pessoas.

Apesar disso, fontes internacionais afirmam que a Índia possui apenas cerca de 74 milhões de armas leves civis, principalmente antigos e obsoletos revólveres e pistolas. Segundo as últimas informações prestadas por executivos da Taurus, o país fornece anualmente cerca de 45 mil novas licenças para aquisição de armas e há cerca de 12 milhões de licenças ativas. Isso acontece em virtude de uma legislação bastante rígida e de costumes culturais milenares que levam, por exemplo, a uma parte da polícia ostensiva ser armada apenas com porretes.

Aqui, é importante observar que o que dá sustentação e perenidade a uma fabricante de armamento leve é o mercado civil. Assim, é preciso ressaltar que o foco da Taurus, nos EUA, na Índia e no resto do mundo, é o mercado de armas civis, pois é neste que obtém as melhores margens, sendo o motivo primordial de a fábrica indiana começar sua fase operacional produzindo esse tipo de arma. As licitações, como toda a venda por atacado, causam uma diminuição das margens, que é compensada, no entanto, pelos altos volumes envolvidos.

Não parece haver dúvidas de que um mercado civil com apenas 74 milhões de armas antigas para uma população de 1,4 bilhão de pessoas é um nicho atraente, perene e promissor, sob qualquer ângulo que seja visto, e este é um dos motivos que levou o gigante Jindal Group a procurar a Taurus e com ela firmar uma joint venture em 2020 para produção de armas leves civis e militares na Índia.

No entanto, além do mercado civil, a Taurus já está participando de importantes e significativas licitações no imenso mercado militar e de segurança indiano.

Além da megalicitação de 425.000 fuzis para as Forças Armadas indianas que a empresa está disputando e que se definirá no início de 2024, as licitações futuras para órgãos policiais e paramilitares do país já somam cerca de 260 mil armas de diversos tipos (fuzis, submetralhadoras e pistolas). Ou seja, ainda sem ter inaugurado sua fábrica na Índia, a Taurus já tem a perspectiva de concorrer a licitações que montam, por enquanto, em cerca de 685 mil armas, além de um imenso e quase inexplorado mercado civil.

No que se refere às licitações em todos os níveis governamentais, a multinacional brasileira tem preços muito competitivos, alta tecnologia/qualidade e volume de produção (algo que poucos fabricantes têm), além de ter sido a primeira joint venture de armas leves na Índia e de ter uma fábrica agora pronta para entrar em operação. Os três primeiros fatores fizeram com que vencesse a concorrência para fornecer o Fuzil T4 ao Exército das Filipinas no ano passado, também competindo com grandes fabricantes internacionais de armas. Segundo o CEO da Taurus declarou recentemente, existem dois grandes fabricantes que são favoritos na megalicitação de fuzis indiana, sendo a Taurus um deles, e é bastante provável que cada um fique com 50% do total.

Índia: novo divisor de águas para a Taurus
Em síntese, a LRCA Defense Consulting se mostra convicta de que a Índia poderá se constituir em um novo divisor de águas para a multinacional brasileira, assim como já o foram a sua venda para a CBC, a assunção da equipe dirigente liderada por Salesio Nuhs e o turnaround "de livro" que esta implementou na empresa.

A propósito, no próximo dia 17, quando completar 84 anos, a Taurus Armas S.A. já terá recebido, com uma semana de antecedência, um grande presente de aniversário.

 

Fonte: LRCA: Índia: Taurus obtém a licença final e começará a produzir no país em janeiro de 2024 (lrcadefenseconsulting.com)

Fonte: Indústria de Defesa-BR - WEB