*LRCA Defense Consulting - 10/08/2021
A Taurus Armas S.A. traz novamente ao mercado um resultado robusto, que supera os recordes operacionais e de desempenho econômico-financeiro anteriores, situação que vem se repetindo a cada trimestre.
As vendas no mercado interno responderam 21% da receita do 1S21 porque, como empresa brasileira, é priorizado o mercado nacional em detrimento do maior atendimento do “back order” nos EUA. No entanto, considerando a atual carteira de pedidos, as vendas locais continuam a representar entre 8% e 12% do total.
Segundo a companhia, os indicadores asseguram resultados robustos para os próximos trimestres, independente de fatores externos.
A produção total atingiu 9,5 mil armas por dia no 2T21, totalizando 588 mil unidades no trimestre e mais de 1 milhão no acumulado até final de junho, com a fábrica do Brasil ganhando produtividade e a fábrica nos EUA superando as expectativas em seu processo de “ramp up”.
As vendas se mantêm em alta – foram 1,1 milhão de armas vendidas no 1S21, volume 39% superior ao 1S20 – e a empresa ainda conta com “back order” de 2,1 milhões de unidades. Ou seja, as vendas estão fortes e a tendência se mantém. Dessa carteira de pedidos, cerca de 190 mil são da recém-lançada pistola GX4, o que evidencia o potencial de vendas dessa arma.
O número de consultas de pessoas interessadas em adquirir uma arma nos EUA apurado pelo Adjusted NICS atingiu 21,1 milhões em 2020, patamar sem precedentes na história. Assim, ainda que tenha sido observado recuo no 2T21 ante ao trimestre imediatamente anterior e ao 2T20, o mesmo ocorrendo na comparação entre o 1S21 e o 1S20, o mercado norte-americano continua fortemente comprador, com o indicador NCIS se mantendo bem acima da média de histórica, excluindo apenas o ano fora da curva observado em 2020.
Como a 4ª marca mais vendida e a 1ª mais importada nos Estados Unidos, a Taurus atingiu o volume de 507 mil armas vendidas no 2T21 nesse país e 916 mil no 1S21, mantendo a tendência de crescimento das vendas e, mais uma vez, registrando recorde para a Companhia. Comparado a iguais períodos de 2020, foi registrado aumento de, respectivamente, 32,9% e 32,5% nas vendas realizadas nos EUA.
Com a demanda forte também no Brasil, as vendas somaram 87 mil unidades no 2T21, superando em 75,1% o registrado no 2T20, e 158 mil no 1S20, com alta de 55,0% ante a igual período do ano anterior. Como observado nos últimos trimestres, a Companhia segue registrando a maior procura do consumidor brasileiro por armas que incorporam maior valor agregado, de calibres anteriormente restritos no País.
As vendas da Taurus para outros países, excluindo os EUA, são realizadas para o mercado civil e para forças de segurança estrangeiras, a partir de licitações internacionais ganhas pela empresa. No total, foram vendidas 24 mil unidades no 2T21, comparado a 5 mil unidades no 2T20, somando 42 mil armas vendidas no primeiro semestre do ano, ante a 10 mil no 1S20. Os destaques foram as exportações realizadas para o Paquistão, Filipinas e África do Sul que representaram 62,8% do total das vendas no trimestre.
Já foram fabricados, e serão faturados no 3T21, os 12,4 mil fuzis Taurus T4 vendidos para o Exército das Filipinas, a partir de licitação que a Companhia venceu em 2020, após ter a arma aprovada em testes de resistência. Essa é a segunda grande venda da Taurus para as Filipinas nos últimos anos, após a licitação que venceu em 2019 para a venda de mais de 20 mil pistolas TS9 Stiker para as forças policiais do país asiático.
A receita líquida do 1º semestre de 2021 foi 59% superior à do mesmo período do ano passado, e a margem bruta atingiu 46%.
A receita da Taurus é oriunda, preponderantemente, da venda de armas, que respondeu por 95,1% do total da receita líquida do 2T21 e 94,1% no 1S21, totalizando R$ 618,9 milhões e R$ 1.131,4 milhões, respectivamente. Complementa o resultado a receita obtida com a venda de M.I.M. (peças de metal injetado ou metal injection molding, na sigla em inglês) e capacetes, segmentos de pequena representatividade, mas que também apresentaram aumento de receita líquida tanto na comparação trimestral (66,4% em M.I.M e 102,9% em capacetes), como na avaliação semestral (134,8% em M.I.M e 90,0% em capacetes).
O resultado financeiro, que por vários trimestres pressionou o resultado líquido da Companhia, teve saldo líquido de receita no 2T21, chegando, assim, ao lucro líquido de R$ 194 milhões no 2T21, superando o resultado do 2T20 em 395%, e acumulando lucro de R$ 262 milhões no primeiro semestre do ano.
Tanto na avaliação trimestral quanto na avaliação semestral, a receita líquida apresentou forte crescimento e o custo dos produtos vendidos (CPV) apresentou evolução inferior à registrada na receita líquida, propiciando aumento da margem bruta. Esse aumento na margem bruta se deve aos seguintes fatores: trabalho contínuo de controle de custos; investimento em modernização do parque fabril, o que inclui o desenvolvimento de processos de produção mais eficientes; mix de venda de maior valor agregado, e diluição dos custos fixos a partir do crescimento da receita.
O lucro bruto no 2T21 foi de R$ 297,0 milhões, 60,5% superior ao registrado no 2T20, com margem de 45,6%, o que representa aumento de 3,3 p.p. no período. Considerando que o lucro bruto vem apresentando evolução contínua no decorrer dos últimos trimestres, o desempenho comparativo entre o primeiro semestre de 2021 e de 2020 mostra crescimento ainda maior, de 87,0% no período, com o lucro bruto totalizando R$ 551,0 milhões no 1S21, e aumento da margem bruta em 6,7 p.p.
O forte desempenho operacional obtido pela Taurus é evidenciado pela evolução do Ebitda (sigla em inglês para receita antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) que, assim como a receita líquida e o lucro bruto, vem batendo sucessivos recordes.
No 2T21, o Ebitda atingiu R$ 224,4 milhões, mais do que o dobro (+106,3%) do resultado do 2T20 que já tinha sido um recorde para a Companhia na época. Com isso, nos seis primeiros meses de 2021, o Ebitda acumulou R$ 400,0 milhões, superando em 155,8% o total registrado no 1S20.
O aumento do Ebitda foi acompanhado do crescimento de sua margem, indicador que também apresentou resultados sem precedentes na Taurus. A margem Ebitda do 2T21 foi de 34,5% e, no 1S21, de 33,3%, com alta de 9,6 p.p. e 12,6 p.p. em relação a iguais períodos do exercício anterior, respectivamente.
A Taurus está em dia com suas obrigações financeiras, reduzindo o saldo da dívida e, ao mesmo tempo, encerrando o trimestre com posição de caixa e equivalentes de R$ 164 milhões, 79% superior à posição no final do exercício de 2020, o que contribuiu para reduzir a dívida líquida em 33% no período, para R$ 521 milhões em 30 de junho de 2021.
Considerando o Ebitda dos últimos 12 meses, o indicador dívida líquida/Ebitda ao final do 2T21 era de 0,7x, ou seja, em menos de um ano a Taurus gerou Ebitda capaz de quitar integralmente sua dívida. É uma situação quase impossível de se imaginar para uma empresa que, no encerramento de 2018, apresentava o grau de alavancagem financeira de 11,2x. Hoje a dívida não representa mais um risco para a Companhia.