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CEO da Taurus, maior empresa de armas do Brasil, explica queda no lucro em 2023

Publicado em: 08/11/2023

O lucro da Taurus, a maior empresa de armas do Brasil, foi de R$ 26 milhões no terceiro trimestre de 2023, uma queda de 74,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o valor chegou a R$ 103,1 milhões.

No acumulado do ano, o lucro da companhia está em R$ 110,3 milhões, 72,4% a menos do que o montante de R$ 399 milhões alcançado nos nove primeiros meses de 2022.

Já a receita líquida da empresa alcançou R$ 439,3 entre julho e setembro deste ano, redução de 31,4% em relação ao terceiro trimestre de 2022.

Em entrevista à reportagem de O TEMPO, o CEO da Taurus, Salésio Nuhs, explicou que dois motivos atrapalharam os negócios da companhia neste ano: a edição do Decreto 11.366/23 pelo governo federal, restringindo a compra de armas por brasileiros, mas ainda sem regulamentação; e a alta da inflação e dos juros nos Estados Unidos, país onde as armas da Taurus são mais vendidas. 

Nos Estados Unidos, tem sido observada uma tendência de mudança no padrão de estoque de produtos mantido pela cadeia de vendas, com os distribuidores buscando aumentar o giro de seus estoques, de modo a se proteger do custo financeiro gerado pelo aumento da inflação norte-americana. Com isso, novas encomendas são postergadas com a intenção de redução dos estoques para níveis capazes de atender as vendas pelo período próximo de um mês, ante um padrão anterior de estoques suficiente para cobrir 3 a 5 meses de vendas”, explica Nuhs.

Em relação ao Brasil, o CEO da Taurus afirma que a mudança de regras determinada pelo novo governo causou uma incerteza no mercado de armas no país. 

“Em 1º de janeiro de 2023 foi publicado o Decreto 11.366 que estabelecia restrições para o setor e deveria ser regulamentado no prazo de três meses, o que não ocorreu. A incerteza paralisou o mercado, com consumidores e lojistas interrompendo suas compras até que a questão fosse definida. Apenas em 21 de julho foi publicado o novo decreto. No entanto, permanecem algumas incertezas a serem esclarecidas pelos órgãos reguladores, uma vez que foi estabelecido o limite máximo de energia em joules autorizado para as armas a serem vendidas no mercado brasileiro, mas sem a apresentação de uma tabela de calibres”, justifica. 

Segundo Nuhs, novas aquisições de armas por parte de CACs (colecionador, atirador desportivo e caçador) estão basicamente interrompidas. Assim, o CEO da Taurus ressalta que a demanda no mercado brasileiro segue reprimida até que o aspecto jurídico esteja plenamente esclarecido e os processos de autorização para a compra de armas normalizados.

Apesar da queda no lucro da Taurus em 2023, o CEO da empresa faz uma comparação com os principais concorrentes americanos e considera que os números foram “brilhantes” no terceiro trimestre. 

“Se a gente fala da Ruger, por exemplo, que é uma concorrente importante nossa nos Estados Unidos, ela tem uma margem bruta de 20,5%, enquanto nós estamos com 37,5%. A Smith & Wesson tem 26,6%. Ou seja, nossa margem é bem melhor do que a dessas empresas. Então é um fator de transição que estamos vivendo em 2023”, argumenta.

 

Confira aqui a íntegra do resultado da Taurus no terceiro trimestre de 2023.

Forte crescimento desde 2018

Salésio Nuhs assumiu o comando da Taurus em 2018, após a empresa amargar anos sem lucro e com muitas dívidas. Em 2017, por exemplo, o prejuízo foi de R$ 286 milhões. 

Na atual gestão, a companhia se modernizou e criou novos modelos de produtos. Desde então, a empresa de armas passou a registrar um forte crescimento, com recorde de vendas no período da pandemia de Covid-19, principalmente no mercado norte-americano. Em 2020, a Taurus já teve lucro de R$ 263,6 milhões. 

“Aproveitamos muito uma euforia do mercado americano por compra de armas de fogo na pandemia. O americano tem essa característica, sempre que há qualquer tipo de ameaça, ele compra armas de fogo. Isso aconteceu muito durante a pandemia e nós nos transformamos na maior vendedora de armas leves do mundo durante esse período”, ressalta.

Perspectivas da Taurus

A Taurus está expandindo o leque de clientes no exterior e já vende suas armas para cerca de 100 países. A nova fábrica da empresa na Índia passa a funcionar em janeiro de 2024. Com a instalação no país, a Taurus já pode participar de licitações do governo indiano, o maior comprador de armas do mundo atualmente. 

 “A Índia já está prevendo uma compra de 420 mil fuzis. Nós já estamos participando desta licitação, a gente já passou da primeira etapa, os testes devem acontecer agora em dezembro. São testes rigorosos, inclusive no Himalaia, mas essa é a maior licitação de fuzis da história do mundo”, destaca o CEO da Taurus. A empresa também pretende abrir uma fábrica na Arábia Saudita. 

 

Produtos

Como a demanda nos EUA atualmente está mais voltada para o segmento de revólveres, a Taurus ampliou a fabricação desses produtos em sua linha de produção na unidade brasileira no decorrer de 2023. 

A produção de revólveres foi responsável por cerca de 45% do volume total de armas produzidas no terceiro trimestre de 2023, ante aproximadamente 30% no mesmo período de 2022, ganhando espaço em relação à produção de pistolas, que passou de 69% no 3T2022 para 55% no 3T2023.

A Taurus também tem uma fábrica na Geórgia, nos Estados Unidos.

 

Fonte: CEO da Taurus, maior empresa de armas do Brasil, explica queda no lucro em 2023 | O TEMPO

Fonte: O Tempo-MG - WEB