29/06/2020
TAURUS: FACILIDADE NA COMPRA DE ARMAS FAZ VENDAS DISPARAREM
A Taurus, maior fabricante de armas brasileira, vive um “momento mágicoâ€. Essa é a expressão utilizada pelo presidente da empresa, Salesio Nuhs, ao descrever os resultados do primeiro trimestre, apresentados hoje. Uma combinação de fatores, nos Estados Unidos e no Brasil, fez disparar as vendas da companhia, que produziu mais de 260 mil armas nos primeiros três meses do ano.
No Brasil, o faturamento aumentou 52%. O resultado foi puxado pela venda para os chamados CACs, colecionadores, atiradores e caçadores, que possuem uma licença especial do Exército. A demanda aumentou devido à liberação de compra de uma série de calibres, antes restritos, como o 9mm e o 357. “Temos uma grande variedade de produtos e, boa parte deles, não podÃamos vender no Brasilâ€, afirma Nuhs.
A facilidade em receber a permissão para ter a posse de uma arma também está ajudando a companhia no mercado interno. Segundo Nuhs, a liberação da documentação, atualmente, se dá de maneira rápida. “As polÃticas dos governos anteriores eram de maior restrição à venda de armasâ€, diz o Executivo. “Hoje, se a pessoa cumpre os requisitos, vai receber a autorização de posseâ€.
O porte de armas segue proibido no Brasil, exceto para as forças de segurança. A posse é permitida, seguindo alguns requisitos, como não ter antecedentes criminais. Até meados do ano passado, cidadãos comuns só podiam comprar revólveres e pistolas de calibre 38. Por meio de um decreto, o presidente Jair Bolsonaro liberou mais de 50 calibres. Fuzis e armas semiautomáticas seguem restritos, mesmo dentro dos calibres liberados.
Nos Estados Unidos, a proximidade das eleições vem impulsionando os negócios da Taurus. “Historicamente, é uma época sempre boa para o mercado de armasâ€, diz Nuhs. “O americano costuma antecipar suas compras, com receio das mudanças de governoâ€. A empresa está reformulando a sua operação americana, após inaugurar uma nova fábrica, na Georgia.
Se nos Estados Unidos o aumento da demanda pode ser passageiro, Nuhs acredita que, no Brasil, o efeito será prolongado. “O consumidor brasileiro se assemelha ao americano, sempre em busca de novidadesâ€, afirma. “Por isso adotamos uma estratégia com grande volume de lançamentos. Metade do nosso faturamento vem de produtos novosâ€.
No último mês, o ritmo diário de produção subiu de 750 para 1.500 armas por dia, nos Estados Unidos, e de 3.500 para 5.000 armas por dia no Brasil. “Não fazemos estoque. Tudo que é produzido, é vendidoâ€, afirma o presidente. Por ser considerada uma empresa estratégica de defesa, a Taurus não sofreu restrições em sua fábrica por conta do coronavÃrus. Nuhs, no entanto, afirma que a empresa tomou medidas de precaução e que poucos funcionários foram contaminados.
A receita operacional lÃquida da companhia no perÃodo foi de 298 milhões de reais, alta de 18,3% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a 45 milhões de reais, um recorde histórico. A alta do dólar, no entanto, impactou no resultado lÃquido, que ficou negativo em 157 milhões. Nuhs explica que o prejuÃzo se deve ao impacto imediato do câmbio na dÃvida da companhia, efeito que deve ser compensado no próximo trimestre, quando a valorização do dólar refletirá no faturamento.
Fonte: Exame-BR - 29/06/2020 - WEB