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Conversa com investidor: Taurus (TASA4)

Publicado em: 03/09/2021

Monitor Mercantil está abrindo o espaço Conversa com Investidor, onde investidores terão um canal direto para conversar e esclarecer dúvidas com empresas de capital aberto. Na nossa primeira conversa, Salesio Nuhs (foto acima), presidente da Taurus, conversou com Felipe Cavalcanti, analista CNPI da Trade Machine.

Em conformidade com os resultados do segundo trimestre de 2021 divulgados pela Taurus, a receita líquida foi 59% superior à do mesmo período do ano passado, e a margem bruta atingiu 46%. A companhia gerou, nesses seis meses, o Ebitda de R$ 400 milhões, multiplicando o Ebitda do 1º semestre de 2020 em 2,6 vezes.

 

O resultado financeiro, que por vários trimestres pressionou o resultado líquido da companhia, teve saldo líquido de receita no 2º trimestre de 2021. A Taurus chegou, assim, ao lucro líquido de R$ 194 milhões no 2º trimestre de 2021, superando o resultado do 2º trimestre de 2020 em 395%, e acumulando lucro de R$ 262 milhões no 1º semestre do ano.

Quanto do crescimento e recorde nas vendas da companhia a Taurus relaciona à atual presidência e à flexibilização das leis de armamento no país? Como a Taurus vê o cenário de uma possível não reeleição do atual presidente?

Evidentemente melhorou, no sentido de que fez prevalecer o direito à legítima defesa, conquistado no referendo de 2005. Sendo ainda uma das legislações mais controladas para o comércio de armas e munições do mundo.

Independente de fatores externos e políticos, trabalhamos na Taurus pautados no nosso planejamento estratégico, que envolve rentabilidade sustentável, qualidade dos produtos e melhora dos indicadores financeiros e operacionais. Consideramos que para um crescimento, o mais importante é a garantia de um planejamento consistente. É o que fazemos aqui na Taurus desde a mudança da gestão da empresa em 2018.

Nestes últimos anos, melhoramos os nossos indicadores econômicos e financeiros, mais que dobramos nossa receita líquida, multiplicamos por quase 6 vezes nosso Ebitda e saímos de prejuízo para lucro, além de registrar um patrimônio líquido positivo. Isto tudo se deve a um planejamento estratégico ousado e consistente desenvolvido nos últimos 5 anos, e estamos executando com muita disciplina este plano. Com isto estamos aproveitando as oportunidades do mercado.

A empresa tem segurança de que o atual padrão de resultados é sólido. Em junho de 2021, mesmo com o dólar mais baixo, a R$ 5,03 em média, a Taurus teve excelente resultado, comprovando que o desempenho não está atrelado apenas a ganhos cambiais das vendas externas. Mostrou também não depender do dólar alto ou de condições políticas mais favoráveis à questão do armamento no Brasil para manter seus resultados.

As vendas no mercado interno responderam por 21% da receita do 1º semestre de 2021, isso porque, como empresa brasileira, priorizou o mercado nacional em detrimento do maior atendimento do “back order” nos EUA. No entanto, considerando sua atual carteira de pedidos, as vendas locais continuam a representar entre 8% e 12% do total. Os indicadores asseguram resultados robustos para os próximos trimestres, independente de fatores externos.

Recentemente, a Taurus passou por um bem-sucedido processo de turnaround. Como vimos, as mudanças foram de grande relevância para os resultados que a companhia tem reportado. Quais são os pontos dessa nova fase da empresa, após a reestruturação? E como a empresa enxerga a geração de valor desse turnaround para os acionistas?

Com uma nova gestão desde 2018 e, consequentemente, uma forte reestruturação operacional e financeira, a Taurus vem surpreendendo e impressionando analistas e acionistas com números expressivos e que consolidam o verdadeiro turnaround que a empresa deu nos últimos anos.

A Taurus vem demonstrando resultados consistentes que supera os recordes operacionais e de desempenho econômico-financeiro anteriores, situação que vem se repetindo a cada trimestre. Hoje, é a empresa com os melhores indicadores do setor, com a melhor margem bruta das empresas de armas que divulgam seus resultados.

Além desses resultados consistentes, temos um backorder de 2,1 milhões de armas que nos garante as vendas dos próximos trimestres. A empresa vive um fenômeno diferente do que se vê na maior parte do país, uma vez que segue com forte crescimento, consolidando patamar de desempenho superior em meio à situação de pandemia de Covid-19 no mundo há mais de um ano.

A produção total da Taurus atingiu 9,5 mil armas por dia no 2º trimestre de 2021, totalizando 588 mil unidades no trimestre e mais de 1 milhão no acumulado até final de junho, com a fábrica do Brasil ganhando produtividade e a fábrica nos EUA superando as expectativas em seu processo de “ramp up”. Essencial para esse aumento da produção têm sido os investimentos destinados a equipamentos e novas tecnologias.

No 1º semestre de 2021, apenas na modernização fabril, foram investidos mais de R$ 18 milhões. A empresa investiu em equipamentos de ponta, no que há de melhor, para melhorar ainda mais a eficiência e a produtividade industrial, com redução de custos.

Exemplos de investimentos realizados no 1º semestre de 2021 são: o novo forno M.I.M (Metal Injection Molding), que aumentou a capacidade atual de produção de peças de metal injetado em 40%; a instalação de forno a vácuo que amplia em 30% a capacidade do tratamento térmico nos canos das armas; dos centros de usinagem horizontais para o aumento da capacidade de produção de revólveres; e de novas células de usinagem de canos na fábrica dos EUA, que dobrará a capacidade atual da unidade nesse processo.

Para o 2º semestre de 2021, está prevista a chegada de novos equipamentos e tecnologias que aumentarão ainda mais a capacidade e produtividade das linhas de manufatura no Brasil, entre elas: a célula de pintura robotizada Cerakote® para o tratamento superficial de peças, incluindo as personalizações (special make up); uma nova célula de usinagem de canos de armas táticas para ampliação da capacidade, a fim de atender à crescente demanda do fuzil; e diversos centros de usinagem para a ampliação da capacidade de várias linhas de produção, como ferrolhos, canos e outros componentes. Para suportar a ampliação das capacidades produtivas, está prevista a conclusão da obra de ampliação do prédio da usinagem, com adicionais 3.500 m² de área construída.

Inovação tem sido a palavra-chave para a Taurus nessa nova fase. As pesquisas para utilização do grafeno na produção de componentes, M.I.M. e acabamentos superficiais de armas, em parceria com a Universidade de Caxias do Sul, são um exemplo disso. Composto de átomos de carbono, o grafeno é o cristal mais fino conhecido e suas propriedades incluem a alta resistência – 200 vezes maior do que a do aço – rigidez e impermeabilidade, de forma que sua utilização em componentes contribui para o aumento da resistência mecânica, de impacto e de corrosão, melhorando ainda a dissipação do calor e reduzindo o desgaste.

A Taurus vem também se dedicando a outros novos projetos de modo a continuar crescendo. O condomínio de empresas, que está sendo construído em parte do terreno da fábrica de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, está com o cronograma da obra adiantado e deverá ser entregue em setembro de 2021, quando começa a transferência de seis parceiros estratégicos da Taurus para dentro do parque industrial. Seu pleno funcionamento está previsto para o início de 2022.

Outra grande novidade é a parceria firmada com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com o objetivo de elevar os resultados da Taurus a outro patamar no que se refere a velocidade no atendimento ao cliente, capacidade operacional e avanço tecnológico, junto com outros projetos estratégicos e estruturantes em andamento na empresa. A ideia é ampliar a parceria com os melhores centros de pesquisa e desenvolvimento para avançar em todos os tipos de tecnologias voltadas a produtos e processos, passo fundamental para o avanço da Taurus na Indústria 4.0.

A parceria tem três principais frentes de atuação:

 

    • O projeto Taurus Excelência Operacional que será desenvolvido com o apoio do GMAP da Unisinos, grupo de pesquisa em Modelagem para Aprendizagem que trabalha com o desenvolvimento de pesquisa aplicada. Por meio da parceria, será desenvolvido o Sistema Taurus de Produção, que integrará todo o sistema de manufatura a um sistema produtivo mais amplo, potencializando o foco no cliente por meio de conexões entre os diferentes players da cadeia de valor. Além dos clientes, os fornecedores, principalmente os integrantes do novo condomínio industrial da Taurus que está em construção, também serão beneficiados pelo projeto. O conceito de indústria 4.0 será a base deste projeto, que visa, ao final de dois anos, construir um centro de Data Science e Smart Factory voltado à inovação de processos por meio de simulação e pesquisa operacional.
  • O Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia possibilitará a Taurus obter o máximo resultado de suas operações e além das tecnologias habilitadoras, que são resultantes de investimento nas operações, tornar os processos totalmente integrados. Isso, juntamente com o desenvolvimento das pessoas, será o alicerce para o avanço da Taurus na Industria 4.0. Todos os colaboradores da empresa, desde o montador até a diretoria, de alguma forma, serão contemplados com uma etapa de capacitação. Assim se formará uma base conceitual sólida para que a Taurus consiga, colocando as pessoas no centro do processo, aproveitar todos os avanços tecnológicos da indústria 4.0 e tornar isso parte integrante da agregação de valor para o cliente, com uma operação mais sustentável em todos os aspectos, desde os fornecedores até a chegada do produto ao seu destino final, com o máximo de segurança e rastreabilidade.
  • Também junto à Unisinos, a Taurus está avançando no Programa de Capacitação em Pesquisa e Inovação Taurus e, em setembro, lançará uma turma de pós-graduação em Engenharia e Sistemas de Produção Taurus, visando desenvolver e qualificar seus talentos para a excelência, valores e cultura organizacional.
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Nossos planos envolvem crescimento, tecnologia, inovação, aumento de produção e de eficiência. Estamos agindo e adotando novas iniciativas com base nesses conceitos. Essa é a base sobre a qual consolidamos os desempenhos alcançados e que nos levará a atingir o objetivo de tornar a Taurus a maior fabricante de armas leves do mundo.

Qual a visão da companhia frente aos projetos com as joint ventures Joalmi e Jindal?

Com certeza é um passo importante na estratégia global da Taurus, e esses projetos colocarão a empresa em uma posição ainda maior de destaque no mercado mundial.

A joint venture com a Jindal Group foi firmada sob o programa do governo indiano chamado “Make in Índia”, que procura atrair empresas de defesa para o país, desde que compartilhem sua tecnologia com um parceiro local. Nesta joint venture, a Taurus está entrando com know-how e tecnologia, e o parceiro, com os investimentos.

O mercado indiano possui grande potencial já que sua população passa de 1,2 bilhão de pessoas, além de o país ter a expectativa de se tornar o segundo maior orçamento de defesa no planeta. Para termos uma ideia de grandeza, o Exército possui um contingente ativo de mais de 1,2 milhão de soldados, e as forças federais indianas possuem mais de 800 mil policiais, isso sem contar com as polícias locais. Essa joint venture dará à Taurus posição privilegiada nesse importante mercado de armas e na região da Ásia.

A joint venture com a Joalmi também é estratégica. A parceria tornará a Taurus autossuficiente na produção de carregadores, mercado que era dominado por poucos fornecedores estrangeiros devido a sua complexidade de produção. A ideia principal é ter o domínio tecnológico da fabricação deste item que é tão importante para o funcionamento da arma.

A demanda anual da Taurus é de aproximadamente 5 milhões de carregadores, considerando as fábricas do Brasil e dos Estados Unidos, sem contar outras empresas e o enorme e promissor mercado de reposição. A joint venture terá uma capacidade instalada de 7,4 milhões por ano até o final de 2022 e sua ampliação poderá ser antecipada, dependendo da atuação da empresa no mercado de reposição.

Além disso, propiciará uma forte redução de custo para as operações da companhia, com uma logística integrada e ágil, flexibilidade de volumes e agregará valor ao Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia da Taurus. A companhia estima que entre resultados operacionais e redução de custo o projeto poderá gerar mais de R$ 100 milhões nos próximos 5 anos.

 

Organização: Jorge Priori

Fonte: https://monitormercantil.com.br/conversa-com-investidor-taurus-tasa4/

Fonte: Monitor Mercantil-SP - WEB